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domingo, 9 de janeiro de 2011

 Eu escrevo sem esperança de que o que eu escrevo altere qualquer coisa. Não altera em nada… Porque no fundo a gente não está querendo alterar as coisas. A gente está querendo desabrochar de um modo ou de outro…” Clarice Lispector





Apetece-me escrever. Mas infelizmente não me consigo lembrar de nada. Ultimamente, não me consigo lembrar de nada para escrever. Melhor dizendo, até me consigo lembrar, só que não consigo transcrever para o papel; ou, se o consigo fazer, são apenas frases soltas na maior parte das vezes sem sentido.

Isto da escrita é árduo, bastante árduo. Escrever não é fácil, nunca o foi, é bastante mais difícil do que alguém imagina. Termos a ideia e escrevê-la é um acto praticamente inconcebível: quase nunca fica como esperado, quase nunca fica como imaginaríamos que ficasse. Fica, no máximo, parecido com o que queríamos, mas contentamo-nos na mesma pois o que está escrito é o mais parecido possível com o que tínhamos em mente. Em suma, escrever é uma missão impossível.

Pensa-se que é apenas pegar numa caneta e num papel e ir escrevendo palavra atrás de palavra. Não é, na maior parte dos casos e ilude-se quem assim pensa. A escrita é uma arte complexa que não pode ser resumida a simplesmente um papel e uma caneta. Existem imensos mecanismos por detrás da escrita: a imaginação, o pensamento, a gramática, a sintaxe, a preocupação em sermos claros e explícitos o suficiente, o receio de sermos mal-interpretados, o medo de desagradarmos quem quer que leia ou alguém em particular, a intenção de revelar coisas a mais ou coisas a menos, o querer fazer metáforas para que poucas pessoas entendam o sentido do texto, a tentação de provocar propositadamente alguém ou o contrário, a alegria de sabermos que a nossa escrita agrada pelo menos uma pessoa, a ansiedade de querer corresponder às expectativas que nos colocaram em cima... e muitas outras coisas que variam de pessoa para pessoa, de mente para mente.

Reconheçamos, escrever não é fácil e requer, à partida, um esforço. Mas chega a uma certa altura em que nos habituamos e gostamos desse esforço, em que esse esforço passa de transtorno a recompensa. É nessa altura em que compreendemos que independentemente do esforço que fazemos, muito ou pouco, é um esforço que vale a pena pois é um esforço que nos faz escrever.

E ao escrever ficamos automaticamente melhores. Ao escrever entendemos o que nos rodeia. Ao escrever delineamos razões para isto ou para aquilo... Ao escrever resolvemos um propósito. Mesmo que escrevamos nada (que fiquemos apenas com a intenção e com a ideia do que escrever), mesmo que sejam meras palavras sem sentido: ajuda-nos.

A escrita é uma cura e não apenas da ignorância









Como estou HJ:

Hoje eu tô que nem vidro: se cair eu quebro, mas se pisar eu corto!


Você disse que não sabe se não
Mas também não tem certeza que sim
Quer saber?
Quando é assim
Deixa vir do coração
Você sabe que eu só penso em você
Você diz que vive pensando em mim
Pode ser
Se é assim
Você tem que largar a mão do não
Soltar essa louca, arder de paixão
Não há como doer pra decidir
Só dizer sim ou não
Mas você adora um se...

Eu levo a sério, mas você disfarça
Você me diz à beça e eu nessa de horror
E me remete ao frio que vem lá do sul
Insiste em zero a zero e eu quero um a um
Sei lá o que te dá que não quer meu calor
São jorge por favor me empresta o dragão
Mais fácil aprender japonês em braile
Do que você decidir se dá ou não